“A Abadia de Northanger” é o quarto livro de Jane Austen que
eu leio, e o terceiro que foi escrito pela autora. Austen começou a escrever a
história em 1798, após já ter terminado
“Orgulho e Preconceito” e “Razão e Sensibilidade”. A história,uma sátira dos
romances góticos muito populares na época, recebia o título de “Susan”. Mais
tarde, mudou para “Catherine”. O manuscrito foi adquirido por um editor em
1803, mas nunca chegou a ser publicado. Austen só recuperou seus direitos sobre
ele em 1816, mas o livro só foi publicado mesmo em 1818, um ano após sua morte.
Quem escolheu o título de “A Abadia de Northanger” foi seu irmão.
O livro narra a história de Catherine Morland, filha do meio
de uma família grande de classe média, que mora no interior. Catherine decide
passar um tempo na cidade balneária de Bath com uns amigos dos pais dela, o Sr.
e a Sra Allen, e nessa viagem conhece amigas e inimigas, além de dois
pretendentes bem diferentes um do outro.
Acho interessante como Austen consegue escrever romances de
forma mais realista (para a época, claro, porque para os padrões de hoje isso
só existe nas fantasias femininas xP ), fazendo com que nem sempre as coisas
estejam a favor da protagonista: Catherine sofre com o tédio, com atenções
indesejadas e caras malas, com a agonia de gostar de um cara que às vezes não
lhe dá muita atenção, e também não é aquela garota perfeitinha e
insuportavelmente doce. Ela é uma garota normal de 17 anos, sem nada de
extraordinário.
A história se passa praticamente toda em Bath, uma cidade
sempre citada nos romances de Austen, pois a autora costumava visita-la muito
com sua família. Catherine Morland tem uma visão de mundo muito inocente e
otimista. Não é muito perspicaz para prestar atenção no que acontece com os
outros ao redor, pois está sempre fantasiando sobre os livros que leu e
pensando nos personagens e lugares que conheceu na ficção. Nesse ponto, ela se
parece muito comigo! É gostoso ter uma personagem que goste tanto de ler quanto
você :)
Outros personagens importantes são James Morland, seu irmão,
Isabella Thorpe, sua melhor amiga, Eleanor Tilney e os dois mocinhos da
história: John Thorpe e Henry Tilney.
Pessoalmente, eu sou completamente #Team Henry. John é um
cara mala e grosso, e sua própria irmã, Bella, também consegue ser irritante na
maior parte do tempo. Mas isso só mostra como Jane Austen consegue ser realista
naquilo que escreve: as interações humanas de suas histórias nunca são
perfeitas, e ela consegue fazer com que a gente se identifique com pessoas que
viviam numa cultura estrangeira de séculos atrás!
A Abadia de Northanger só vem aparecer realmente como
cenário da trama a partir do capítulo 20. Desse momento em diante, vemos com
maior clareza a sátira de Austen aos romances góticos, pois Catherine a todo
momento espera que algo surpreendente aconteça e sua imaginação começa a
trabalhar a mil, fantasiando o tempo todo! (Parece eu às vezes, rsrs. Tenho que
me policiar o tempo todo para não viajar demais :P ). Na maioria das vezes a
realidade a decepciona por não ser como na ficção... Mas o final do livro está
repleto de reviravoltas, romance e muita emoção, bem no estilo de Jane Austen!
É uma leitura que fãs de romance não podem perder!
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